sábado, 15 de outubro de 2011

Agora

Um clássico amanhecer de chuva em um sábado cinzento.Daqueles que faz refletir, querer, sonhar.Querer sonhar.Como o sonho é livre, posso estar nas ruas de Lisboa, nas esquinas coloridas de Barcelona, no centro de uma trama de Almodóvar...
Voltando ao aqui a realidade é por vezes angustiante.As responsabilidades não te perguntam se podem chegar, vêm e se apoderam do seu tempo, sua cabeça, seu altar.Por outro lado, como é bom viajar!Na música, um embalo que faz expandir,sentir,imaginar.
Prazeres como uma noite inteira à dançar, pessoas novas, mulheres que flutuam na pista, um charme que é de matar!De tirar o fôlego...uhm...respirar.
Assim como foi e sempre é espetacular estar com os amigos, entrar em campo, na chuva, jogar, suar, ganhar!Sensações viciantes, quero mais, de novo, o futebol, a música, a arte, a mulher..ahhh...morena!
Pensando bem, é conseguir saborear estes momentos que até fica mais fácil seguir em frente e querer mais, adiante.
Adiante!!!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O Conto da Carochinha

Carolina Xavier vivia com a cabeça em outro lugar, nunca com ela ligada ao pescoço.Bem, sim, ali estava, mas naquilo que realmente importa, os pensamentos, viajava para outras galáxias constantemente.De forma que desde pequenininha as histórias contadas por tias, pais e avós, levavam a intensa guria a mares e céus nunca antes navegados.Certa vez criou uma fábula onde fadas e ET´s iam conhecer o universo guiando um navio!Mas como a Terra girava, a água toda escorreu, o navio emperrou e o povo todo morreu...coisas de Carol, ou Caró, como era chamada na família.
O apelido inclusive, sofreu mutação quando a pequena criativa começou a ouvir os chamados da irmã menor, que, aos 7 anos descobriu que ao juntar nome e sobrenome de Caró, chegaria ao estranho e divertidíssimo Caróxa! Como gostava de agradar a irmã, Carolina atendia de imediato àquela voz suave e risonha de Gabriela.(que depois virou Gabri, Gá, Bri....e....bom, mas essa é outra história!)
Com o passar dos anos e o crescimento mental e espiritual, Caróxa, que havia pouco desenvolvido para o alto e avante(!) e também de leste a oeste (no que ela agradecia) foi sempre tratada no diminutivo por todos, tanto em casa quanto na faculdade de jornalismo.Uma forma carinhosa de chamar a amiga de traços leves e personalidade inquieta, sempre em busca de mais informações e conhecimentos.Facilmente ganhou destaque naquele primeiro ano de estudos, tanto por parte dos professores, entusiasmados por aquela aluna interessada, estudiosa e iluminada, quanto por partes dos alunos (e algumas alunas) interessados por aquela menina interessante, naturalmente provocante e também iluminante.Sim, pois Caróxa além de tudo era também uma pessoa singular, daquelas que querem o bem de todos e contribuem para isso.Para ela, felicidade era plural, de todos que a rodeassem.
Foi também neste primeiro ano que ela conheceu um jovem pretendente que, apesar de muito bem apessoado física e financeiramente, não fazia o seu tipo, visto que tinha sérias limitações de bem pensar, por assim dizer.Óbvio que o rapaz, caiu de amores por Caróxa, e desenfreou à mandar bilhetes nas aulas matutinas.Burro que só, Ricardo, que sabia o nome e sobrenome de Carolina, sempre mandava as pérolas endereçadas à Carochinha!Certo dia, após uma aula de inglês, ela deixou para trás um bilhete destes ao sair da sala de aula, e o resultado, além do escárnio ao breve e básico poeta por parte de todos, foi a nova grafia de seu "nickname".
Bem, chegado ao fim o ano primeiro de festas, flertes e algum estudo, deu-se por parte da bancada professoral um festival, uma comemoração, diria-se uma verdadeira tertúlia, com músicas, poesias, leituras e textos inéditos.Claro que a serelepe e charmosa morena prontificou-se e passou algumas noites acompanhada e aquecida por bons vinhos tintos sutilmente surrupiados da adega do pai e, entorpecida pelos néctares, deixou a alma fluir ao papel através das delicadas mãos.
No dia festivo, para deleite não só dela mas de todos que admiravam aquela doce e criativa figura, da voz da professora Marta, veio a frase definitiva para a história.O conto vencedor, o melhor, mais saboroso, não podia ser outro:

- O conto da Carochinha!


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

União

Porque é de viver
de sentir e chorar
Tristemente sorrir
cair e levantar

De repente te ver
e a vida mudar
No futuro pensar
com esperança acreditar

Estamos todos aqui
de passagem
é o que é
Como uma estrela
uma luz
Uma passagem lunar

Celebremos então
no acorde e na mão
Na pureza e beleza
que vem deste violão

Se não existe amor em SP

Se não existe amor em SP
Se não existe amor em SP
Procure, busque, com jeitinho mais carinho em você

É uma selva, é uma zona
Uma bagunça sem por quê
Não tem hora pra parar
Lugar pra estacionar
Todo mundo
O mundo todo sempre dando rolê

Se não existe amor em SP
Se não existe amor em SP

Mil lugares para ir
Milhôes de amigos para ver
Umas cervejas com os amigos
Várias peças pra você
Aniversário de fulano
Bota-fora, pode crer

Se não existe amor em SP
Se não existe amor em SP

Mas sempre existe uma esperança
Algo pode acontecer
Vá pra noite
É São Paulo
Alguém vai te conhecer

Numa dessas tudo muda
O jogo vira, cê vai ver
Você querendo uma pessoa
Ela querendo você

Muito carinho
Bem calminho
A noite é sua
Te falei, vai que é tua
Você está em SP

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Entre corpos

Certo é que eu ocupava logo três mesas de uma vez.Não por exageros decorrentes do peso ou do ego, mas aquele canto me pareceu ser o mais adequado para quem queria acompanhar a possível chegada de amigos ou inimigos, ainda que não tenha até este momento da vida aprendido completamente à reconhecer os últimos.E também havia a necessidade da escrita, o que me levou lá (além do vinho chileno). Escrever em meio às palavras ditas me inspiram a passá-las ao papel, motivo de ter escolhido não uma, mas "A Mercearia" como o oásis de intranquilidade para minha ins piração.
Isto posto, vamos ao fato: chegaram os dois os com uma certa pressa, como que querendo recuperar o tempo perdido.Se tivesse sido consultado, aconselharia logo uma cama; seria mais prazeroso e verdadeiro.O casal praticamente despejou o dia de trabalho nas e das cadeiras, com dor e angústia.Percebendo o meu olhar desconcentrado e inquisidor para tal movimentaçao, a moça foi sucinta:
-Podemos sentar aqui?
Claro querida.Até onde sei ninguém vem me salvar de mim nesta noite fria.
Não eram bonitos nem feios.Arrumadinhos, diriam alguns. Por volta dos 30 anos, ele profissional das artes visuais, trabalha em uma produtora, aliás, várias, uma atrás da outra.Fala demais, conta de relacionamentos passados e discorre inclusive sobre o porque de não ter dado certo:uma teoria mais estranha que a seguinte!Ela, mais retraída, pouco contou...até que fizesse efeito as três cervejas e algumas cachaças pedidas pelo rapaz.Parecia feliz e aliviada de estar ali com alguém diferente daquele amor com quem viveu nos últimos 6 anos. Talvez não seja o cara que ela quer, mas já é um passo. Para o lado ou para frente, mas um passo.
E eu...fui escrevendo..o que vai para o palco ou para o lixo.Mas antes dar um passo do que ficar parado, profetizou etílicamente em ato, a loira.