sexta-feira, 8 de julho de 2011

Entre corpos

Certo é que eu ocupava logo três mesas de uma vez.Não por exageros decorrentes do peso ou do ego, mas aquele canto me pareceu ser o mais adequado para quem queria acompanhar a possível chegada de amigos ou inimigos, ainda que não tenha até este momento da vida aprendido completamente à reconhecer os últimos.E também havia a necessidade da escrita, o que me levou lá (além do vinho chileno). Escrever em meio às palavras ditas me inspiram a passá-las ao papel, motivo de ter escolhido não uma, mas "A Mercearia" como o oásis de intranquilidade para minha ins piração.
Isto posto, vamos ao fato: chegaram os dois os com uma certa pressa, como que querendo recuperar o tempo perdido.Se tivesse sido consultado, aconselharia logo uma cama; seria mais prazeroso e verdadeiro.O casal praticamente despejou o dia de trabalho nas e das cadeiras, com dor e angústia.Percebendo o meu olhar desconcentrado e inquisidor para tal movimentaçao, a moça foi sucinta:
-Podemos sentar aqui?
Claro querida.Até onde sei ninguém vem me salvar de mim nesta noite fria.
Não eram bonitos nem feios.Arrumadinhos, diriam alguns. Por volta dos 30 anos, ele profissional das artes visuais, trabalha em uma produtora, aliás, várias, uma atrás da outra.Fala demais, conta de relacionamentos passados e discorre inclusive sobre o porque de não ter dado certo:uma teoria mais estranha que a seguinte!Ela, mais retraída, pouco contou...até que fizesse efeito as três cervejas e algumas cachaças pedidas pelo rapaz.Parecia feliz e aliviada de estar ali com alguém diferente daquele amor com quem viveu nos últimos 6 anos. Talvez não seja o cara que ela quer, mas já é um passo. Para o lado ou para frente, mas um passo.
E eu...fui escrevendo..o que vai para o palco ou para o lixo.Mas antes dar um passo do que ficar parado, profetizou etílicamente em ato, a loira.

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