terça-feira, 30 de agosto de 2011

O Conto da Carochinha

Carolina Xavier vivia com a cabeça em outro lugar, nunca com ela ligada ao pescoço.Bem, sim, ali estava, mas naquilo que realmente importa, os pensamentos, viajava para outras galáxias constantemente.De forma que desde pequenininha as histórias contadas por tias, pais e avós, levavam a intensa guria a mares e céus nunca antes navegados.Certa vez criou uma fábula onde fadas e ET´s iam conhecer o universo guiando um navio!Mas como a Terra girava, a água toda escorreu, o navio emperrou e o povo todo morreu...coisas de Carol, ou Caró, como era chamada na família.
O apelido inclusive, sofreu mutação quando a pequena criativa começou a ouvir os chamados da irmã menor, que, aos 7 anos descobriu que ao juntar nome e sobrenome de Caró, chegaria ao estranho e divertidíssimo Caróxa! Como gostava de agradar a irmã, Carolina atendia de imediato àquela voz suave e risonha de Gabriela.(que depois virou Gabri, Gá, Bri....e....bom, mas essa é outra história!)
Com o passar dos anos e o crescimento mental e espiritual, Caróxa, que havia pouco desenvolvido para o alto e avante(!) e também de leste a oeste (no que ela agradecia) foi sempre tratada no diminutivo por todos, tanto em casa quanto na faculdade de jornalismo.Uma forma carinhosa de chamar a amiga de traços leves e personalidade inquieta, sempre em busca de mais informações e conhecimentos.Facilmente ganhou destaque naquele primeiro ano de estudos, tanto por parte dos professores, entusiasmados por aquela aluna interessada, estudiosa e iluminada, quanto por partes dos alunos (e algumas alunas) interessados por aquela menina interessante, naturalmente provocante e também iluminante.Sim, pois Caróxa além de tudo era também uma pessoa singular, daquelas que querem o bem de todos e contribuem para isso.Para ela, felicidade era plural, de todos que a rodeassem.
Foi também neste primeiro ano que ela conheceu um jovem pretendente que, apesar de muito bem apessoado física e financeiramente, não fazia o seu tipo, visto que tinha sérias limitações de bem pensar, por assim dizer.Óbvio que o rapaz, caiu de amores por Caróxa, e desenfreou à mandar bilhetes nas aulas matutinas.Burro que só, Ricardo, que sabia o nome e sobrenome de Carolina, sempre mandava as pérolas endereçadas à Carochinha!Certo dia, após uma aula de inglês, ela deixou para trás um bilhete destes ao sair da sala de aula, e o resultado, além do escárnio ao breve e básico poeta por parte de todos, foi a nova grafia de seu "nickname".
Bem, chegado ao fim o ano primeiro de festas, flertes e algum estudo, deu-se por parte da bancada professoral um festival, uma comemoração, diria-se uma verdadeira tertúlia, com músicas, poesias, leituras e textos inéditos.Claro que a serelepe e charmosa morena prontificou-se e passou algumas noites acompanhada e aquecida por bons vinhos tintos sutilmente surrupiados da adega do pai e, entorpecida pelos néctares, deixou a alma fluir ao papel através das delicadas mãos.
No dia festivo, para deleite não só dela mas de todos que admiravam aquela doce e criativa figura, da voz da professora Marta, veio a frase definitiva para a história.O conto vencedor, o melhor, mais saboroso, não podia ser outro:

- O conto da Carochinha!


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