quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Ao Leminski

Um dos caras que mais me impressionou através, primeiro, do conteúdo de suas obras, e depois por sua biografia, foi o curitibano Paulo Leminski.Seus hai-kais produziram e produzem em mim uma explosão de bem-estar.Mesmo quando o tema não é, por assim dizer, agradável.Mas a forma com que é feito, a mira certeira no uso das (poucas) palavras para dizer tanta coisa, a diagramação escolhida cirurgicamente para dar a porrada que são seus hai-kais...Procuro sempre estar em contato com ele.Paulo, que era um outsider.Um cara que morreu aos 44 anos depois de consumir tonéis e tonéis de bebida alcoólica, que teve uma vida curta e intensa, como são estes gênios que vem, fazem e desaparecem, deixando na gente aquela expressão atônita "Mas já?".Assisti um bom tempo atrás, no TUCA, teatro da Puc-SP, uma peça muito boa sobre ele.Desde então, leio seus escritos e imagino seus sentimentos na hora de expressar tudo aquilo.E ele também tinha ótimo senso de humor, tiradas ótimas, sacadas geniais....Deixo então para vossa apreciação um belo exemplo da genialidade deste cara:

olha eu aqui

eu queria tanto
ser um poeta maldito
a massa sofrendo
enquanto eu profundo medito

eu queria tanto
ser um poeta social
rosto queimado
pelo hálito das multidões

em vez
olha eu aqui
pondo sal
nesta sopa rala
que mal vai dar para dois

3 comentários:

  1. uh! também adoro o leminski, apesar de prová-lo quase nunca. meu conhecimento sobre ele e sua obra é quase como a sopa, mas adoro qdo vejo. zé, como vc escreve gostoso! parabéns pelo blog e os escritos. espero que continue!

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  2. Obrigado Cami. Tentando voltar à ativa!E vc hein?Nem sabia que tinha blog...novidades hein?!!

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  3. nem sabia q vc sabia q esse blog era eu, achei q estava disfarçada. dá-lhe tertúlia.

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